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África do Sul presidência a G20 2025. Arábia Saudita e sua mais nova cidade futurista ... que já fracassou.

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Notícia

A Presidência Sul-Africana do G20 em 2025: Crise Climática, Finanças e Geopolítica

A presidência da África do Sul no G20 (de dezembro de 2024 a novembro de 2025) representa a primeira vez que uma nação africana lidera o principal fórum de cooperação econômica internacional. A liderança ocorre em um momento de instabilidade global, com o avanço da crise climática, o endividamento de países do Sul Global e a crescente fragmentação política internacional.

Contexto climático: impactos diretos na infraestrutura

A África Austral vem enfrentando eventos climáticos extremos com frequência crescente. Entre 2024 e 2025, o fenômeno El Niño agravou a seca em Zâmbia, Zimbábue e Malawi, afetando a produção agrícola e o abastecimento de água. Ao mesmo tempo, províncias costeiras da África do Sul, como KwaZulu-Natal e Cabo Oriental, sofreram com inundações intensas.

  • Em junho de 2024, as enchentes no Cabo Oriental causaram mais de 100 mortes.

  • O ciclone Idai, em 2019, resultou em perdas superiores a US$ 2 bilhões em três países. Este valor é significativo, ainda mais considerando que o PIB do Malawi era de US$ 12 bilhões naquele período.

Esses eventos danificam diretamente moradias, sistemas de transporte, saneamento e redes de energia. Em regiões onde predominam construções informais, os danos são ainda mais severos.

Financiamento climático: volume prometido vs. volume necessário

A principal pauta da África do Sul no G20 é a ampliação do financiamento climático voltado para a adaptação de respostas a desastres, uma demanda direta dos países do Sul Global.

Indicador

Valor Estimado

Fonte/Comentário

Necessidade de financiamento anual

US$ 1 trilhão até 2030

Estimativas independentes

Meta de países desenvolvidos

US$ 300 bilhões/ano até 2035

Acordo da ONU (COP)

Valor prometido ao fundo de perdas e danos

US$ 788,8 milhões até junho de 2025

Valor muito abaixo da necessidade declarada

Financiamento climático atual

US$ 700 bilhões/ano

Principalmente direcionado à mitigação no Norte

A posição da África do Sul é que os recursos destinados ao clima sejam considerados obrigações financeiras internacionais, e não doações condicionadas.

Custos de capital: barreiras ao investimento sustentável

Os países africanos enfrentam um prêmio de risco elevado, cerca de 3% a mais em relação a países com fundamentos econômicos semelhantes. Esse custo adicional encarece o financiamento de infraestrutura, inclusive projetos verdes e de adaptação.

Durante a presidência do G20, a África do Sul propôs:

  • Inclusão de cláusulas de suspensão de pagamento de dívidas em contratos financeiros, em caso de eventos climáticos extremos.

  • Instrumentos de troca de dívida por compromissos ambientais.

  • Criação de uma agência africana de classificação de risco, com o objetivo de reduzir assimetrias nas análises de crédito.

Essas medidas visam ampliar o acesso a crédito mais barato para obras de infraestrutura resiliente.

Impactos diretos no setor da construção sustentável

A agenda sul-africana tem implicações práticas para os profissionais da construção:

  • A priorização de adaptação climática exige obras que suportem secas, enchentes e variações extremas de temperatura.

  • A ampliação do financiamento verde pode viabilizar projetos de habitação social resiliente, reurbanização de áreas de risco e infraestruturas de saneamento e energia limpa.

  • A política de transição energética justa propõe que investimentos em descarbonização considerem capacitação de trabalhadores e manutenção de empregos locais, inclusive no setor da construção civil.

Geopolítica: reações à presidência africana

A liderança da África do Sul foi marcada pela ausência dos Estados Unidos, que boicotaram oficialmente a cúpula, alegando questões internas relacionadas aos direitos humanos. Essa ausência abriu espaço para outros países ampliarem sua influência:

País/Bloco

Ações durante o G20 África do Sul 2025

Participação na agenda africana

China

Prometeu US$ 51 bilhões em investimentos para África

Alta

União Europeia

Lançou programa de energias renováveis no continente

Média

Brasil

Apoio político direto à presidência africana

Muito alta

EUA

Boicote oficial à cúpula

Nenhuma

Essa nova configuração aumenta o peso dos países do Sul Global em fóruns internacionais. Um fator que pode influenciar projetos de financiamento internacional e parcerias futuras.

Iniciativas técnicas ligadas à infraestrutura

A presidência africana também propôs ações específicas com foco no desenvolvimento de infraestrutura básica:

  • Plano de Cozinhas Limpas como Infraestrutura: propõe considerar o acesso à energia para cozinhar como parte da infraestrutura econômica. Segure a criação de fundos e incentivos fiscais para tecnologias de baixo custo e baixa emissão.

  • Transição Energética Justa: a proposta prioriza o uso de financiamento com condições favoráveis (juros baixos ou subsídios) para substituir combustíveis fósseis por energia solar, eólica e biogás, especialmente em contextos urbanos e periurbanos.

Essas medidas impactaram diretamente áreas como; planejamento urbano, habitação social e redes de energia distribuída.

Conclusão

A presidência sul-africana do G20 evidencia a conexão entre infraestrutura, justiça climática e estabilidade econômica. Para o setor de construção, os temas discutidos têm consequências concretas:

  • Mudanças no modelo de financiamento podem ampliar o acesso a recursos para projetos sustentáveis.

  • Novas exigências de resiliência exigem atualizações técnicas dos profissionais.

  • A cooperação Sul-Sul (como a aproximação com o Brasil e a China) pode gerar novos modelos de parceria e transferência de tecnologia.

A adaptação às mudanças climáticas deixou de ser um diferencial. Passa a ser um critério mínimo de viabilidade técnica e financeira.

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Vídeo

NEOM e THE LINE: A distância entre o discurso sustentável e a realidade concreta.

Créditos: Dezeen

Nos últimos anos, a iniciativa NEOM da Arábia Saudita, especialmente sua peça central chamada THE LINE, foi apresentada ao mundo como um modelo de cidade do futuro. Planejada para abrigar até 9 milhões de pessoas, em uma estrutura linear de 170 km de extensão e 500 metros de altura, a proposta prometia uma revolução urbana: zero carbono, 100% de energia renovável e um novo padrão de vida urbana centrado no ser humano.

Mas os dados e os fatos materiais apontam outra direção.

O financiamento do projeto é sustentado quase inteiramente pela receita do petróleo, através do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita. Isso já coloca em xeque a narrativa de uma transição verde. A contradição se agrava quando analisamos a base de implementação: remoção forçada de comunidades tradicionais (como a tribo Huwaitat), exploração da mão de obra migrante em condições documentadas como abusivas e impactos ambientais severos, como a destruição de rotas migratórias de aves e a emissão prevista de quase 1,8 bilhão de toneladas de CO₂ apenas na construção.

Além disso, o projeto falha em sua proposta funcional. Pesquisas mostram que o desenho linear, embora inovador na teoria, é extremamente ineficiente na prática. A distância média entre os habitantes é maior do que a de grandes cidades atuais; o transporte depende de um sistema centralizado e vulnerável e de falhas, e apenas uma minoria da população terá acesso real à ideia de “cidade de 5 minutos”.

O discurso de inovação e sustentabilidade está sendo usado como uma superestrutura ideológica para justificar um projeto baseado em métodos tradicionais de acumulação de capital: apropriação de terras, repressão social e extração intensiva de recursos.

Quer se aprofundar no tema?

Confira o vídeo completo sobre esse assunto, e conheça mais sobre as contradições materiais do projeto THE LINE, suas falhas estruturais e o que ele nos ensina sobre os limites reais da sustentabilidade quando ela é usada como marketing!

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