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Casa feita de terra, Mentoria UGREEN, água como o novo petróleo.

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Notícia

O que a terra nos ensina sobre sustentabilidade de verdade

Créditos: ArchDaily Brasil

Você já ouviu alguém dizer que casa de terra não dura? Que é coisa antiga, frágil, que derrete com a chuva? Pois é … esse é um dos maiores mitos que ainda assombram a bioconstrução.

Mas a realidade é outra. Construções de terra podem ser extremamente duráveis — e a história está aí pra provar. Partes da Grande Muralha da China, as casas de Ouro Preto, prédios de terra crua no Iêmen com séculos de existência. Tudo isso feito com técnicas que, quando bem aplicadas, atravessam gerações.

A questão não é se a terra dura. A questão é: como você projeta e cuida dela.

A durabilidade é resultado de um bom projeto!

Quando falamos de construção sustentável, é fácil cair na armadilha de acreditar que os materiais naturais são inferiores aos industrializados. Mas a terra, quando usada com inteligência, não fica atrás de concreto ou tijolo cerâmico.

O segredo está na combinação de três pilares:

  1. Composição do solo adequada - com a proporção certa entre areai, argila, silte e sem excesso de pedregulho.

  2. Técnica construtiva compatível - seja taipa de pilão, adobe ou pau-a-pique, cada método tem seu comportamento estrutural próprio.

  3. Proteção contra a água - talvez o ponto mais crítico. Água é o grande desafio, mas também é previsível. E por isso pode (e deve) ser planejada.

Construções de terra são inteligentes — e exigem inteligência

A natureza da terra é diferente. Ela é forte onde precisa ser, mas também pede cuidados especiais.

Por exemplo: a terra resiste muito bem à compressão, mas não gosta de flexões ou torções. Isso significa que o projeto arquitetônico precisa trabalhar com o material, e não contra ele.

Uma parede de taipa de pilão, por exemplo, vai ser incrivelmente resistente e se bem compactada — mas não adianta tentar usá-la como se fosse concreto. Pois não é. E aí entra a importância de respeitar os limites e aproveitar as qualidades únicas da terra, como sua inércia térmica, baixo impacto ambiental e reciclabilidade total.

A água é um inimigo previsível

Você já ouviu a regra de ouro da bioconstrução?

“Projeta os pés e o chapéu da casa.”

Essa simples frase resume séculos de sabedoria construtiva.

  • Os pés: a umidade que sobre do solo por capilaridade pode destruir uma parede. A solução? Elevar a fundação, usar pedras ou tijolos na base, criar boas drenagens no terreno.

  • O Chapéu: telhados com beirais generosos e pingadeiras mantêm a água longe das paredes. parece simples, e é … mas faz toda a diferença.

  • A pele: um reboco natural, como os de terra e cal, serve como camada de sacrifício. Ele protege, absorve, e pode ser substituído periodicamente. Hoje, ainda dá pra combinar com hidrofugantes mais modernos, se for o caso.

Mas como estabilizar?

Adicionar cal ou cimento ao solo pode aumentar a resistência e a durabilidade. Mas isso não vem sem custo ambiental. O desafio é o equilíbrio: usar o mínimo necessário, e apenas quando for realmente estratégico.

A bioconstrução não é sobre fazer tudo “do jeito antigo”. É sobre usar a tecnologia e o conhecimento de hoje para potencializar o que já era bom — sem perder o compromisso com o planeta.

E os bichinhos?

É verdade: quando usamos fibras naturais (como palha) ou estruturas de madeira, podemos atrair insetos. Mas isso também tem solução:

  • Selar fendas e frestas,

  • Usar tratamentos naturais, como terra de diatomáceas,

  • Aplicar barreiras químicas específicas em casos mais graves.

Pragas não são exclusividades das casas de terra. O que muda é o tipo de cuidado necessário.

Comparativo

Não adianta comparar a terra com o concreto se a análise ignora o contexto ambiental, térmico e de manutenção. Veja esse comparativo simplificado:

Material

Duração (com manutenção)

Impacto Ambiental

Conforto témico

Reciclabilidade

Terra

Alta

Muito baixo

Excelente

Total

Concreto

Alta

Alto (CO2)

Bom

Baixa

Tijolo Cerâmico

Alta

Alto (queima)

Médio

Moderada

A terra, além de durar, volta a ser terra no fim da vida útil. Isso é economia circular na prática.

Bioconstruir é resistir e persistir

Recuperar a construção com terra é mais do que uma escolha técnica. É um ato de reconexão com o planeta, com o tempo, com uma forma de viver que respeita ciclos, limites e potencialidades.

Com o uso do conhecimento certo, a terra pode (e deve) ser utilizada como base para um futuro mais sustentável, sem abrir mão da durabilidade.

Mentoria UGREEN

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Opinião

A água como o novo petróleo? O recurso estratégico do século XXI

Créditos: Euronews.com

Se no século passado a geopolítica girava em torno do petróleo, hoje, cada vez mais, os olhos do mundo se voltam para um recurso ainda mais essencial: a água.

Relatórios divulgados pelas Nações Unidas (ONU) em 2023 indicaram que mais de 2 bilhões de pessoas no mundo ainda vivem sem acesso seguro à água potável. Enquanto isso, eventos climáticos extremos — de inundações na Europa às secas prolongadas no sul global — reforçam um alerta que já não pode mais ser ignorado: a água está se tornando o centro das atenções políticas, econômicas e ambientais no século XXI.

Uma crise global, com impactos locais.

Segundo um estudo da UNESCO e do World Water Assessment Programme (2023), a demanda global por água doce deve aumentar 55% até 2050, pressionando sistemas urbanos e rurais já sobrecarregados.

Ao mesmo tempo, em 2023 a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que 1,4 milhão de mortes por ano são causadas por doenças que poderiam ser evitadas com acesso adequado à água potável e ao saneamento básico.

Você sabia? A cidade de São Paulo enfrentou uma crise hídrica severa em 2014, enquanto a Cidade do Cabo, na África do Sul, chegou perto do chamado “Dia Zero” em 2018 — quando os reservatórios quase secaram por completo. Essas cidades são apenas dois exemplos de uma realidade que pode atingir outras centenas ao redor do mundo.

Clima, água e catástrofe: o novo normal?

De acordo com o relatório “State of the Global Climate 2024”, publicado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), os últimos cinco anos registraram recordes de secas e inundações em todos os continentes.

Na Europa, as piores enchentes em mais de uma década deixaram 335 mortos e causaram mais de 18 bilhões de euros em prejuízos (OMM, 2024). No Brasil, a tragédia no Rio Grande do Sul entre abril e maio de 2024 afetou 2,3 milhões de pessoas, com prejuízos superiores a R$ 87 bilhões, segundo a Defesa Civil e o Instituto Nacional de Meteorologia.

Esses eventos não são isolados — eles refletem a volatilidade crescente do ciclo da água, impulsionada pelas mudanças climáticas e pela urbanização descontrolada.

A geopolítica da água: cooperação ou conflito?

Um estudo da Universidade de Utrecht, na Holanda, revelou que 40% da população mundial depende de rios e aquíferos que cruzam fronteiras nacionais (Utrecht Institute for Water, 2022). Esse dado nos leva a refletir: a água é um fator de união … ou de disputa?

Casos emblemáticos:

  • No Nordeste da África, a Grande Represa do Renascimento Etíope, construída no Rio Nilo, gerou tensão diplomática com o Egito, que depende do rio para mais de 90% do seu abastecimento hídrico (BBC News, 2023).

  • Na Ásia Meridional, a disputa entre Índia e Paquistão pelo controle das águas do Rio Indo é uma das mais antigas do mundo. Segundo um relatório do International Crisis Group (2020), embora o Tratado das Águas do Indo, mediado pelo Banco Mundial em 1960, tenha resistido a décadas de tensões e até guerras, as recentes construções de represas indianas têm gerado receios no Paquistão sobre redução no fluxo dos afluentes. O tratado permite à Índia o uso limitado das águas para irrigação e geração de energia, mas qualquer violação percebida é tratada como ameaça à segurança nacional do Paquistão.

Quando a água vira Commodity?

Em 2020, a água entrou oficialmente no mercado financeiro, com contratos futuros sendo negociados na Bolsa de Valores de Nova York pelo índice Nasdaq Veles California Water (NQH2O). A proposta? Permitir que grandes consumidores se protejam da volatilidade de preços — assim como fazem com petróleo ou ouro (Bloomberg, 2021).

Mas a precificação da água traz um dilema ético.

De um lado, incentiva o uso eficiente e investimento em infraestrutura. Do outro lado, levanta o risco de mercantilização de um direito humano, reconhecido pela ONU desde 2010.

Solução que inspiram: da teoria à prática

A boa notícia: as soluções existem — e estão sendo aplicadas em diferentes partes do mundo.

  • Cidades-Esponja (China)

Criadas pelo arquiteto Kongjian Yu, essas cidades utilizam infraestrutura verde (telhados vegetados, pavimentos permeáveis e lagos artificiais) para absorver e purificar a água da chuva, reduzindo enchentes e promovendo biodiversidade urbana. Mais de 70 cidades chinesas já adotaram o modelo (Nature-Based Solutions Journal, 2023)

  • Reúso de Águas (Brasil)

Pesquisadores da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) desenvolveram o DesviUFPE, um dispositivo de baixo custo para reutilização de águas cinzas e pluviais em moradias populares. O projeto reduz custos e aumenta a resiliência hídrica em comunidades vulneráveis (UFPE 2023).

  • Dessalinização Sustentável (Oriente Médio & Caribe)

Na Arábia Saudita e nas Bahamas, novas usinas utilizam energia solar para dessalinizar a água do mar, evitando o uso intensivo de combustíveis fósseis. Além disso, startups em Israel estão usando biotecnologia para tratar a salmoura residual, transformando resíduos em insumos industriais (World Bank Water Innovation Lab, 2023)

Governança global: a água como bem público planetário

A água não reconhece fronteiras. Por isso, iniciativas como a Water Resilience Coalition, vinculada ao Pacto Global da ONU, vêm ganhando força entre líderes empresariais. Empresas como Nestlé, Unilever e Microsoft se comprometeram a zerar o impacto hídrico em suas operações até 2050 (UN Global Compact, 2023).

Já o Banco Mundial lançou em 2024 a estratégia “Água para as Pessoas, Água para os Alimentos e Água para o Planeta”, promovendo financiamentos para projetos de infraestrutura resiliente, acesso a saneamento e tecnologias inteligentes de gestão (World Bank Water Strategy, 2024).

Conclusão

A água não é apenas um recurso … é um símbolo do nosso tempo.

Ela pode unir ou dividir. Salvar ou destruir. Gerar riqueza ou desigualdade.

Mas, acima de tudo, ela representa uma escolha: vamos tratá-la como mercadoria ou como herança comum da humanidade?

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