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Grandes marcas pedem regras mais rígidas para o uso do plástico. O financiamento climático para uma transição justa.

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Notícia

Quando a regulação vira aliada: Por que Nestlé, Unilever e PepsiCo agora pedem regras mais rígidas para o plástico

“Se não houver regras globais, não haverá futuro previsível para quem quer liderar em sustentabilidade.”

Análise do setor após o fracasso do Tratado Global de Plásticos da ONU

Mas o que aconteceu?

Em agosto deste ano, o mundo assistiu ao colapso das negociações do Tratado Global de Plásticos da ONU, em Genebra. A expectativa era concluir um acordo histórico para combater a poluição plástica. Em vez disso, o que se viu foi o fracasso completo das negociações, graças à oposição de países produtores de petróleo e da indústria petroquímica, um bloco que se recusou a limitar a produção de plástico virgem.

Esse impasse criou um vácuo perigoso: sem regras claras, a fragmentação regulatória global (diferentes leis em diferentes países) virou um pesadelo operacional para empresas que atuam em escala mundial. E foi justamente isso que empurrou grandes nomes como Nestlé, PepsiCo e Unilever a mudar de postura.

O pivô: de reguladas a pró-regulação

Durante anos, essas gigantes foram pressionadas por governos e ONGs a reduzir seu impacto ambiental. Agora, em uma reviravolta, elas estão exigindo que governos implementem regras mais duras, especialmente para reciclagem e design de embalagens.

Não se trata de filantropia. É estratégia.

Por quê?

  1. As metas voluntárias falharam. Entre 2018 e 2025, as próprias empresas não conseguiram atingir suas metas de redução e reutilização de plástico.

  2. Falta de matéria-prima reciclada. Não há rPET (plástico reciclado de qualidade) suficiente no mercado para atender à demanda.

  3. Desvantagem competitiva. Quem investiu em sustentabilidade está perdendo para concorrentes que continuam usando plástico virgem (mais barato).

Agora estão usando a regulação para ganhar vantagem

O foco das empresas está em três pontos:

  • Responsabilidade Estendida do Produtor (EPR): forçar fabricantes a financiar a gestão de resíduos plásticos.

  • Design harmonizado de embalagens: padronizar o que é considerado reciclável no mundo todo.

  • Eliminação de produtos problemáticos: banir plásticos de uso único e não recicláveis.

Curiosamente, a maioria dessas empresas apoia, em teoria, um limite na produção de plástico virgem, mas não coloca peso político real nisso. O motivo? Elas ainda dependem dos plásticos para manter seus modelos de negócio; só querem que ele seja reciclável e que o custo da reciclagem seja socializado por meio de regulação.

E se a regulação for o próximo passo para a sustentabilidade real?

A mudança de postura dessas gigantes revela uma verdade desconfortável: sem regulação, não há escala.

A ação voluntária, por mais bem-intencionada que seja, esbarra em limitações estruturais, especialmente quando falamos de infraestrutura de reciclagem e cadeia de fornecimento.

O fim da sustentabilidade voluntária e o início da regulação estratégica

A mudança de postura das gigantes do consumo revela um ponto de virada no debate global sobre plásticos: a era da sustentabilidade voluntária vem sendo substituída por uma busca ativa por regulação obrigatória. Não por consciência ambiental, mas por sobrevivência econômica.

Empresas como Nestlé, PepsiCo e Unilever entenderam que, sem regras claras, perdem previsibilidade, matéria-prima reciclada e competitividade. Por isso, estão agora liderando o movimento por normas globais que, ironicamente, as obrigam a cumprir aquilo que voluntariamente não conseguiram entregar.

Essa virada representa mais do que um ajuste de discurso: é uma reconfiguração das alianças políticas e econômicas em torno do plástico. E nos deixa uma lição importante: em mercados onde a infraestrutura e a regulação falham, mesmo os maiores players acabam clamando por intervenção estatal.

Para além do setor de embalagens, essa lógica também se aplica à construção civil e a qualquer setor que busque crescer com responsabilidade ambiental. A regulação, antes vista como obstáculo, pode (e deve) ser um instrumento de escala, de justiça competitiva e de inovação sustentável.

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Notícia

Financiamento climático: quando o dinheiro não chega a quem precisa

Fonte: ONU

Um novo relatório da organização ActionAid revelou que menos de 3% do financiamento de mitigação dos principais fundos climáticos mundiais é destinado a projetos que atendem aos critérios de transição justa.

Traduzindo: US$ 630 milhões ao longo de mais de uma década. Um valor inferior ao custo de um único iate de luxo.

Esse número escancara uma verdade desconfortável: estamos financiando tecnologia, infraestrutura e carbono, mas ignorando as pessoas. E isso pode estar minando todo o esforço global de combate à crise climática.

O que está dando errado?

A análise investigou quase 650 projetos dos dois maiores fundos multilaterais:

  • Green Climate Fund (GFC) - ligado à ONU.

  • Climate Investment Funds (CIF) - administrado pelo Banco Mundial.

Resultados:

  • Apenas 5,6% dos projetos do GCF atendem aos critérios de justiça social.

  • No CIF, o desempenho é praticamente zero: apenas 0,4%

E o mais grave é que muitos desses projetos causaram danos reais às comunidades locais, como a exclusão de trabalhadores, o empobrecimento e os conflitos sociais … tudo isso em nome da “transição verde”.

Estudos de casos reais mostram os impactos no chão:

  • Bangladesh: agricultores sem-terra perderam seus empregos após projeto “verde” mudar cultivo de arroz para manga, sem consulta às comunidades.

  • África do Sul: parcerias de transição energética (JETPs), celebradas como exemplo global, têm sido duramente criticadas por serem meramente simbólicas e pouco participativas.

  • Uganda: uma queixa formal ao GFC foi apresentada por comunidades afetadas por um projeto que comprometeu sua segurança alimentar.

O problema não é a falta de política … é a falta de prática

Ambos os fundos têm diretrizes sobre equidade, gênero e participação. Mas, como aponta o relatório, essas diretrizes viraram fachada: políticas no papel, mas sem força real no campo.

Essa falha sistêmica tem nome “just-washing”, um paralelo ao greenwashing, mas com justiça social.

Uma reestruturação completa como possível solução

A ActionAid propõe três ações-chave para a COP30, que será realizada em Belém, no coração da Amazônia:

  1. Encerrar o CIF, cuja governança dominada por bancos multilaterais tem falhado em garantir justiça social.

  2. Reformar e capitalizar o GFC, tornando obrigatórias as salvaguardas sociais e ampliando o acesso direto às comunidades.

  3. Criar o Mecanismo de Ação de Belém (BAM) - uma nova estrutura global para garantir que cada projeto climático coloque as pessoas no centro, e não apenas metas de carbono.

A justiça climática não é “extra”, é essencial

A análise da ActionAid deixa um recado claro: não há transição climática bem-sucedida sem justiça social real.

Se continuarmos financiando estruturas que priorizam velocidade e retorno sobre participação e equidade, não só estaremos desperdiçando bilhões, como estaremos alimentando a resistência à própria ação climática.

“Ninguém deveria ter que escolher entre um emprego seguro e um planeta seguro.”

ActionAid

A COP30 será o teste definitivo: vamos seguir fingindo que justiça é um adereço? Ou vamos, de fato, colocá-la no centro da política climática global?

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