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O legado de Kongjian Yu, Net Zero e Nature Positive, Mentoria UGREEN

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Notícia

O legado vivo de Kongjian Yu: o arquiteto das Cidades Esponja

Créditos: Fundação Mauricio Grabois

“Cidades não devem apenas resistir à água. Elas devem aprender a dançar com ela.”

— Kongjian Yu

No dia 23 deste mês, o mundo da arquitetura e da sustentabilidade perdeu um de seus maiores visionários: Kongjian Yu, criador do conceito de Cidades Esponja, faleceu aos 62 anos em um trágico acidente aéreo durante uma viagem de pesquisa ao Pantanal.

Yu estava no Brasil para participar da 14ª Bienal de Arquitetura de São Paulo e estudar nossa maior planície inundável. Ele buscava ali o que sempre guiou seu trabalho: a harmonia entre paisagem, cultura e resiliência climática.

De uma aldeia chinesa à Harvard — e ao mundo

Nascido em 1963, na pequena aldeia de Dong Yu, na China rural, Kongjian Yu cresceu em meio à sabedoria agrícola tradicional. Mas sua infância também foi marcada por traumas ambientais, pesticidas que envenenaram o riacho local e a substituição de redes milenares de irrigação por infraestrutura cinza e inflexível.

Esse contraste entre a natureza sábia e a intervenção desastrosa do homem moldou toda a sua filosofia.

Uma nova forma de pensar o urbanismo

Yu não queria só projetar jardins bonitos. Ele queria salvar cidades!

Na Universidade Florestal de Pequim, e depois na Harvard Graduate School of Design, ele desenvolveu os pilares de sua crítica radical ao urbanismo moderno:

  1. A arte da sobrevivência

Paisagismo como ferramenta para enfrentar crises como inundações, mudanças climáticas e insegurança alimentar.

  1. A revolução dos pés grandes

Uma metáfora brilhante. Enquanto os “pés pequenos” representam jardins ornamentais improdutivos, os “pés grandes” significam paisagens funcionais, resilientes e profundamente conectadas à terra.

  1. Planejamento negativo

Ao invés de construir e depois encaixar a natureza onde der, Yu propôs o oposto: mapear primeiro a estrutura ecológica — rios, florestas, áreas de inundação — e só então permitir o crescimento urbano nos espaços restantes.

As cidades esponja como um “resposta” ao século 21

Seu conceito mais impactante: Cidades Esponja — uma abordagem urbana que imita o ciclo natural da água.

Em vez de tubos e concreto, a cidade deve:

  • Infiltrar: permitir que a água penetre no solo

  • Reter: desacelerar o escoamento

  • Armazenar: guardar a água

  • Purificar: tratar naturalmente

  • Reutilizar: usar a água coletada

  • Drenar: liberar o excesso com controle

Tecnologias como telhados verdes, pavimentos permeáveis, jardins de chuva e zonas úmidas artificiais formam uma rede de infraestrutura descentralizada e resiliente, viva, adaptável e bela.

Em 2013, o governo chinês adotou oficialmente a política das Cidades Esponja. A meta: até 2030, 80% das áreas urbanas devem reter e reutilizar até 70% da água da chuva.

Projetos que inspiram!

Algumas obras de Yu se tornaram referência mundial:

  • Red Ribbon Park: uma fita vermelha de 500m em meio à vegetação nativa — exemplo de intervenção mínima e impacto máximo.

  • Qunli Stormwater Park: terraços projetados para absorver cheias, cobertos com vegetação adaptada.

  • Zhongshan Shipyard Park: um estaleiro abandonado transformado em parque público, preservando estruturas industriais como parte da memória coletiva.

O que podemos aprender com Kongjian Yu?

A morte de Yu é uma perda profunda, mas seu legado é mais necessário do que nunca.

Ele nos ensinou que a sustentabilidade urbana não é apenas técnica — é cultural, ética e, sobretudo, urgente.

Num momento em que o clima está mudando mais rápido do que nossas cidades conseguem responder, é hora de aprender com a água — e com quem dedicou a vida a escutá-la.

Opinião

Net Zero e Nature Positive: ou integramos agora, ou perdemos juntos

Crédito: Boston Consulting Group

Net Zero é reduzir emissões até quase zero. Nature Positive é recuperar a biodiversidade. Separados, são esforços louváveis, mas ineficazes. Juntos, são a única resposta estratégica possível diante da crise ambiental e econômica que enfrentamos.

Clima e natureza não estão em lados opostos do problema. São, na verdade, os dois lados da mesma moeda. Florestas degradadas liberam carbono. O aquecimento global compromete a saúde dos ecossistemas. Tratar um sem o outro é como enxugar gelo com o ventilador ligado.

Reduzir primeiro, compensar depois

Ainda há confusão entre “neutralidade de carbono” e “Net Zero”. A primeira muitas vezes se apoia em compensações frágeis, como compra de créditos. Já o Net Zero, como definido pela Science Based Targets initiative, requer algo bem mais exigente: reduzir emissões em pelo menos 90% antes de sequer cogitar compensações.

A compensação é o último recurso, não o plano A.

Essa lógica precisa chegar ao setor da construção. Redução real exige revisar materiais, métodos, transporte e energia usada. Compensar depois não vai resolver o problema se continuarmos construindo com a mesma lógica que criou a crise.

A natureza precisa de mais do que “menos impacto”

O conceito de Nature Positive é ambicioso: até 2030, o planeta precisa ter mais natureza do que tinha em 2020, e até 2050, ecossistemas precisam estar em processo de plena recuperação.

E não basta simplesmente “parar de destruir”. O caminho exige:

  • Evitar novos impactos ambientais;

  • Reduzir os danos atuais;

  • Restaurar ecossistemas degradados;

  • E só depois, compensar o que for inevitável.

Diferente do carbono, que pode ser medido em toneladas, a natureza é local, complexa e multifacetada. É preciso usar métricas específicas, contextualizadas, que considerem biodiversidade, abundância e resiliência dos ecossistemas.

Clima e natureza: riscos econômicos e oportunidades gigantes

Mais de 50% do PIB global depende diretamente da natureza. São trilhões de dólares vinculados a serviços ambientais como polinização, regulação hídrica e estabilidade climática. Isso significa que a perda de biodiversidade não é apenas uma tragédia ecológica, mas sim um risco financeiro sistêmico.

Mas há outro lado dessa moeda: a transição para uma economia regenerativa pode criar até 395 milhões de empregos e movimentar mais de US$ 10 trilhões por ano até 2030.

É aqui que o setor da construção entra como protagonista … ou vilão.

O que tudo isso tem a ver com a sua obra?

Projetos Net Zero que ignoram a biodiversidade podem ser tecnicamente eficientes, mas ecologicamente desastrosos. Imagine um parque eólico que reduz emissões, mas destrói habitats naturais no processo. Isso não é solução, é trade-off mal gerido.

Por outro lado, ao projetar com a natureza em mente, você transforma desafios em soluções. Telhados verdes, reuso de água, bioconstrução, escolha de materiais de baixo impacto e reabilitação de áreas degradadas são algumas das estratégias que podem gerar co-benefícios reais.

Ainda existem obstáculos

Apesar do avanço nos compromissos, a implementação patina. Um dos principais riscos é o greenwashing: promessas ambientais vagas, baseadas em compensações baratas e falta de transparência. Isso mina a confiança e atrasa a mudança verdadeira.

Em reação a isso, surgem frameworks como a TNFD e o SBTN, que guiam empresas e governos na medição real de impactos e riscos associados à natureza. Mas ainda enfrentamos problemas sérios, como falta de dados locais, complexidade na medição da biodiversidade e até o fenômeno do green hush, o silêncio por medo de críticas.

O próximo capítulo: planos de transição da natureza

Se sua empresa ou projeto já está falando em plano de transição de carbono, prepare-se. O próximo passo é ainda mais desafiador: construir Planos de Transição da Natureza, com metas, indicadores e ações para restaurar os ecossistemas afetados pelas operações.

Esse movimento já está em curso no setor financeiro. A “precificação da natureza” ganha força com ferramentas como o LEAP (da TNFD), e o investimento privado em ações Nature Positive passou de US$9 bilhões para mais de US$100 milhões em apenas quatro anos.

Conclusão

Separar as agendas de clima e natureza é um erro estratégico. Se quisermos um futuro onde economia e ecossistemas prosperem juntos, precisamos projetar, construir e investir com uma visão Net Zero + Nature Positive desde o início.

Não se trata mais de escolher entre “ser sustentável” ou “ser competitivo”. Hoje, ser regenerativo é a única maneira de ser relevante.

E aí, sua próxima obra vai regenerar ou apenas compensar?

Mentoria UGREEN

Chegou a hora de projetar com propósito. A mentoria da UGREEN é onde você inicia essa transformação!

A maior parte das cidades em que vivemos foi construída para resistir ao tempo, não para nutrir a vida.

Ambientes que isolam a natureza, consomem recursos como se fossem infinitos e ignoram as necessidades reais das pessoas.

Resultado? Adoecimento físico, mental e ecológico … e no fim a arquitetura não responde mais aos desafios do século 21.

O impacto já chegou nos seus projetos

Agora pense: quantos projetos por aí ainda seguem esse mesmo caminho?

Quantas construções que você já viu (ou talvez até participou) que ignoram soluções simples e sustentáveis por falta de conhecimento prático?

A verdade é que a arquitetura está desatualizada. E insistir nos mesmos métodos pode nos custar caro: tanto para o planeta quanto para nossas carreiras.

Mas e se existisse um modelo que une design com regeneração, técnica com impacto social, inovação com saúde?

A alternativa já existe — e começa agora

É exatamente isso que a Mentoria em Arquitetura Sustentável 2.0 da UGREEN propõe.

Em 4 encontros ao vivo (7-14-21-28 de outubro), você vai aprender como aplicar conceitos avançados como biofilia, biomimética, resiliência e impacto social em projetos reais — com base em experiências internacionais como Masdar City, The Line e Medellín.

📆 A primeira aula acontece nesta terça-feira, 7 de outubro

🎥 Todas as aulas são ao vivo, com gravações disponíveis para assistir quando quiser.

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