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Notícia

Radicalmente Mais Humano: Seul Lança Nova Era para o Urbanismo

Créditos: SBAU 2025

Seul (Coreia do Sul), 26 de setembro de 2025 — A 5ª edição da Bienal de Arquitetura e Urbanismo de Seul (SBAU 2025) teve início com uma proposta ousada: tornar as cidades “radicalmente mais humanas”. Curado pelo designer britânico Thomas Heatherwick, o evento propõe repensar o papel da arquitetura como ferramenta de bem-estar emocional e saúde pública.

Sob o tema “Radically More Human”, a Bienal reúne arquitetos, neurocientistas, artistas, gestores públicos e cidadãos em um esforço interdisciplinar para enfrentar o que Heatherwick chama de “blandemia” — uma epidemia global de prédios monótonos, genéricos e emocionalmente desinteressantes.

“Cidades cheias de edifícios sem alma geram tédio, isolamento e desconexão. Isso tem impacto real sobre o cérebro humano”  

Thomas Heatherwick

Cidades mais humanas como política pública

Realizada de 26 de setembro a 18 de novembro, a SBAU 2025 ocupa dois locais centrais em Seul: o Songhyeon Green Plaza e o Seoul Architecture and Urbanism Exhibition Hall. A organização do evento é do Governo Metropolitano de Seul, por meio da Divisão de Planejamento de Espaços Urbanos Futuros — um sinal claro de que a proposta vai além do discurso estético e se consolida como política urbana em escala municipal e global.

Ao apostar em espaços abertos e altamente visíveis, a Bienal visa não apenas arquitetos, mas também moradores comuns, formuladores de políticas e agentes do mercado imobiliário. O objetivo é claro: provocar uma mudança estrutural nos critérios que definem o sucesso urbano.

Arquitetura como manifesto emocional

Entre as instalações principais está o Humanise Wall — uma estrutura de 90 metros de comprimento por 16 metros de altura que se torce como um portal. O muro reúne imagens de fachadas de 38 países e expressa visualmente a proposta da Bienal: humanizar os exteriores dos edifícios.

Adjacentes a ele, 24 fachadas experimentais com 4,8 metros de altura foram construídas como protótipos físicos de como a arquitetura emocional pode ser aplicada em larga escala. Entre os participantes estão nomes de peso como Kengo Kuma, Kéré Architecture, Stella McCartney, Yinka Shonibare e o chef Edward Lee — revelando a natureza profundamente interdisciplinar do evento.

“A arquitetura se tornou refém da funcionalidade. Precisamos trazer textura, identidade e emoção de volta às cidades”

Thomas Heatherwick

Créditos: SBAU 2025

Ciência comprova: arquitetura impacta o cérebro

A SBAU 2025 também dá um passo além da intuição estética ao integrar pesquisas da neurociência à curadoria. A pesquisadora Cleo Valentine (Universidade de Cambridge e Yonsei) apresentou um estudo que usou eletroencefalografia (qEEG) para analisar como o cérebro responde a diferentes tipos de fachadas.

A principal descoberta: fachadas com design biofílico (que imitam formas da natureza) reduzem a atividade relacionada ao estresse e à inflamação cerebral. O estudo fornece evidência empírica de que a qualidade visual das cidades é uma questão de saúde pública.

Além disso, a professora Rebecca Madgin (Universidade de Glasgow) apresentou métodos para quantificar o apego emocional a edifícios, defendendo que o valor afetivo de uma construção deve ser considerado no planejamento urbano e na preservação do patrimônio.

Inteligência Artificial a serviço da empatia urbana

Na mostra digital “Emotionally Yours, Seoul”, cidadãos do mundo todo foram convidados a enviar uma foto de um edifício e uma breve descrição do sentimento que ele desperta. Uma inteligência artificial processa essas informações e as transforma em um mural interativo de sentimentos urbanos, que responde aos movimentos dos visitantes.

O projeto transforma a crítica arquitetônica em um exercício coletivo e emocional, criando o primeiro índice global de sentimento urbano — um recurso inédito para gestores urbanos que desejam entender como as pessoas realmente vivem e sentem a cidade.

Sustentabilidade emocional: edifícios para durar 1.000 anos

A SBAU 2025 propõe uma nova abordagem à sustentabilidade: lutar contra a obsolescência emocional. Segundo Heatherwick, muitos edifícios são demolidos não por falhas estruturais, mas porque nunca foram amados.

“Edifícios que ninguém ama são descartáveis. Os que são amados duram séculos”

Thomas Heatherwick

Com isso, nasce o conceito de “Edifícios de 1.000 anos” — construções pensadas para gerar apego, adaptabilidade sustentável. A proposta também tem implicações econômicas: imóveis duráveis e emocionalmente valorizados reduzem riscos financeiros e geram valor a longo prazo.

Uma nova geração de cidade sustentável

Ao unir ciência, arte, tecnologia e política, a SBAU 2025 posiciona Seul como uma referência em urbanismo emocionalmente inteligente. A cidade não apenas adota a Quarta Revolução Industrial — ela propõe que as cidades do futuro sejam mais humanas, sensoriais e resilientes.

Em um momento de grands transformações climáticas, sociais e tecnológicas, a Bienal lança um alerta e um convite:

A verdadeira sustentabilidade começa com aquilo que somos capazes de amar e preservar

UGREEN

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Opinião

Arquitetura do Silêncio: O Ruído é a Nova Poluição Invisível das Cidades

Créditos: EnvironBuzz Magazine

O ruído das cidades (buzinas, motores, sirenes e obras) já ultrapassou a poluição da água como uma das maiores ameaças ao nosso bem-estar, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso mesmo. Aquilo que muitos de nós já nem percebemos mais, simplesmente por estarmos acostumados, está nos adoecendo de forma silenciosa e invisível.

É o que especialistas chamam de “fadiga de conformidade”: ouvimos tanto barulho no dia a dia que ele vira paisagem sonora. Mas isso não significa que o corpo esteja imune. Pelo contrário, ele reage mesmo durante o sono, mantendo altos níveis de estresse sem que a gente perceba.

Barulho mata? Sim. E os dados são claros

Estudos mostram que viver em áreas barulhentas aumenta os riscos de doenças cardiovasculares, como infartos, AVCs e hipertensão. E não estamos falando de barulhos ensurdecedores. Um aumento crônico de apenas 10 decibéis já pode elevar em mais de 3% o risco dessas doenças.

Esse estudo realizado na Universidade de Harvard acompanhou mais de 100 mil pessoas por 30 anos e confirmou: até pequenas elevações no ruído ambiente estão ligadas a problemas de saúde sérios.

Isso transforma o controle do som urbano em questão de saúde pública, não apenas de conforto

Crianças aprendem menos em ambientes barulhentos

E o impacto não para por aí. O excesso de ruído nas escolas prejudica o aprendizado, a concentração e o desenvolvimento cognitivo das crianças. Sabe aquele aluno que tem dificuldade para se concentrar? Talvez ele esteja apenas tentando ouvir o professor enquanto ônibus e motos passam na rua.

Hoje, o limite permitido de ruído em salas de aula no Brasil é de 50 decibéis, mas a OMS recomenda menos de 35 dB. A diferença pode parecer pequena, mas representa um som quase duas vezes mais alto — o suficiente para atrapalhar permanentemente o aprendizado infantil em áreas urbanas barulhentas.

O silêncio como estratégia de sustentabilidade urbana

Aqui entra um conceito poderoso: a Arquitetura do Silêncio

Ela propõe uma abordagem diferente da tradicional “engenharia acústica”, não se trata apenas de abafar o som, mas de criar ambientes onde o silêncio é parte do projeto. Um conforto que vai além da estética ou da ergonomia. É uma nova forma de pensar o bem-estar nas cidades.

Silêncio também é sustentabilidade.
Silêncio também é inclusão.
Silêncio também é saúde.

Imagine uma casa voltada para o jardim, em vez da rua movimentada. Um edifício que usa materiais porosos para absorver o som. Uma escola com fachada isolada e pátio interno. Tudo isso já é possível … e necessário.

Concluindo

Silêncio é saúde. E projetar com ele em mente é um ato de responsabilidade.

A poluição sonora não é mais um incômodo invisível, ela é uma ameaça real e mensurável à saúde pública. Ignorar o ruído no planejamento urbano e na arquitetura é aceitar, ainda que indiretamente, os impactos que ele causa: insônia, estresse crônico, doenças cardiovasculares, queda de rendimento escolar e exclusão social.

Como vimos, o silêncio não é ausência de som, mas presença de cuidado. Cuidado com quem vive, estuda e trabalha nos espaços que projetamos. A Arquitetura do Silêncio propõe justamente isso: colocar o bem-estar no centro, desde o desenho das ruas até os detalhes das fachadas.

Não há soluções mágicas, e talvez aí esteja o ponto. Construir cidades mais silenciosas exige consciência técnica, decisões corajosas e políticas públicas que tratem o ruído como prioridade ambiental.

Se quisermos realmente construir um futuro sustentável, precisamos ouvir menos o barulho e mais os dados, a ciência e, principalmente, as pessoas.

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